Governo gastou mais de R$ 60 mil em diárias de tripulantes da FAB para viagem de Hugo Motta a Lisboa

 


Os gastos do voo do Presidente da Câmara, Hugo Motta, para ir até Lisboa num evento privado com um jatinho da FAB, foram parcialmente revelados.

O deputado federal é do Republicanos (PB) e utilizou um jato VC-99 (Embraer Legacy 650) da Força Aérea Brasileira (FAB) no início de julho para viajar até Portugal, onde participou do Fórum de Lisboa — evento informalmente apelidado de “Gilmarpalooza” por reunir autoridades dos três Poderes, e ser organizado por uma entidade ligada ao ministro Gilmar Mendes.

A bordo, estavam outros seis convidados, cuja identidade ainda é mantida sob sigilo. Apenas com as diárias da tripulação militar, os gastos somaram US$ 10,9 mil (cerca de R$ 60,9 mil na cotação atual), segundo documentos obtidos via Lei de Acesso à Informação (LAI).

A informação foi revelada pelo jornal O Globo após resposta do Centro de Comunicação Social da Aeronáutica. A equipe da publicação havia solicitado a lista completa de passageiros que acompanharam o parlamentar no voo da FAB, mas não obteve retorno integral.

A Câmara dos Deputados se recusou a divulgar os nomes dos acompanhantes de Motta, alegando “motivos de segurança”. A justificativa gerou questionamentos, e o Tribunal de Contas da União (TCU) abriu um processo para investigar o sigilo imposto. A relatoria do caso está sob responsabilidade do ministro Antonio Anastasia, que aguarda análise técnica antes de se manifestar.

Por sua vez, a FAB também negou o fornecimento da lista de passageiros, afirmando que um decreto editado em 2020, que regula o transporte de autoridades em aeronaves militares, estabelece que cabe ao órgão solicitante — neste caso, a própria Câmara — fornecer os dados, caso requisitados.

Na resposta encaminhada por meio da LAI, a Aeronáutica limitou-se a informar os custos com diárias da tripulação envolvida na missão de apoio a Hugo Motta, sem detalhar o número de militares envolvidos

Considerando que o gasto desta mesma aeronave no mercado civil é de US$ 5.600 por hora, como o AEROIN apontou no voo de resgate da ex-primeira-dama condenada, multiplicado pelas 20 horas de voo que foram feitas no voo de Motta de Brasília até Lisboa, ida e volta com escala no Cabo Verde, o custo médio da viagem foi de aproximadamente US$ 112 mil dólares, ou R$ 628 mil reais na cotação atual.

Por: Carlos Martins para Aeroin